quarta-feira, 19 de junho de 2013

"Só mais um maluco."

Me chamo Geferson Pereira de Oliveira Santos. Tenho 28 anos, brasileiro, baiano, soteropolitano sonhador... eu, eu sim; negro morador da periferia... cansado. Cansado... cansei: de ficar  calado, cansei de conter-me diante das atrocidades  cometidas diariamente contra mim, contra você, contra todos nós.

Introspectivo, sei sim que sou, falar me causa um martírio... sou do mundo das ideias; e expressá-las, nada mais é, para mim, mera consequência. Resolvi me apresentar de maneira formal, para que desde já, de maneira "informal", possamos "formalizar" e estabelecer uma relação verdadeira e de extrema transparência entre essa barreira invisível entre o autor e o leitor. E assim possamos trocar ideias, debatermos, (criticarmos), observarmos, discutirmos, analisarmos, contestarmos, interagirmos, reivindicarmos, divergirmos... Porém, nos respeitarmos; antes e depois de tudo isso.

Filho único de mãe solteira, para criar-me, batalhadora. "Pretinho", trabalhador desde cedo me tornei. De família humilde porém, feliz. O pai, se foi bem cedinho, quando era pequeno... pequenininho. Cresci como a grande maioria; nas ruas, nos alagados da Bahia. Então nascia mais um sub-produto, mais um pretinho do asfalto, mais um pretinho do mundo. Graças a Deus que tive uma boa educação fundamental, os anos posteriores no ensino médio, foram um caos total, as escolas públicas que não ensinam nos dias de hoje... a outrora também já não prestava não. Eis que surge diante de mim um mundo novo, um mundo bastante interessante; o mondo das drogas surgiu que nem um raio, e me encantou facilmente," e tudo que eu não precisava ser, eu me tornei de repente." Uma viagem arriscada, porém, "divertida," de um lado um mundo que não é seu, do outro, uma grande experiência de vida. "De nada me arrependo," a não ser os amigos que se foram, por conta dessa tal vida bandida.


Um ano, "um ano de recuperação." O lugar chama-se Fazenda da Esperança... o lugar chama-se reflexão.

"longe de tudo e de todos,"longe do dia à dia normal, longe das coisas fúteis e banais... longe do que nos torna irracional. Passei a refletir sobre a Vida, Deus, Ciência, Política, Fé e Religião; com tantas dúvidas e certezas, cheguei a uma, para mim, plausível conclusão. De que nada explica tudo, e tudo explica nada não.
Descobri que tudo não passava de histórias contadas, e que o homem de nada tinha provas nas mãos.
Questionar se tornou o meu lema, querer aprender, a minha razão, a verdade, minha eterna companheira... o saber, minha paixão. "Das drogas externas consegui me libertar; com as minhas drogas internas, continuo em depressão." Acredito que talvez possa causar espanto o que vou pronunciar, mas, as drogas teve um papel fundamental e muito importante na minha vida (Sem Aspas)," pois me colocou no meu lugar, no lugar de um ser humano, de um ser vulnerável, de um ser impotente, de um ser defeituoso, de um ser humano igual."

Sempre aprendi que o bem e o mau andam juntos e de mãos dadas, juntos até pode ser, mas de mãos dadas é uma grande mentira mau contada. Porque acredito eu que entre eles estamos todos nós, cegos e com as mãos amarradas. A vida e a morte, o bem e o mau, o amor e o ódio, a fé e a descrença, o jejum e a gula,  a ascensão e a decadência... o tudo e o nada. Sempre vamos estar entre, envolto e diante de todos eles; é necessário equilibrar, medir, dosar e alimentar o que de fato nos torna seres humanos em (Humanos).

Descobri também que só os considerados loucos falam sobre isso, a partir dai, "internei-me no meu próprio hospital psiquiátrico... amarrei-me na minha própria camisa de força... e receitei-me o meu próprio Gadernal. 
Que tamanha tristeza, que grande decepção! É descobrir que os loucos não são levados à sério, mesmo depois de ter escrito tudo isso só com a força do pensamento deitado no leito de um hospital.