sexta-feira, 26 de maio de 2017


                                 $ INCONSTITUINTE $


Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:

Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição.

- A radicalidade do meu silêncio rompe-se bruscamente diante dos últimos "surubáticos acontecimentos envolvendo o político, o social e o econômico. Gostaria de partir de um princípio (para mim) básico, que seria convidar essa galera tanto da situação como da oposição, para que antes de qualquer discurso ideológico, apaixonado e partidário reflitam, nem que seja um pouco, superficialmente, sobre a história do país e suas seculares peculiaridades. Lamentavelmente, diante da correria do dia à dia não nos damos conta da matrix que conduz integralmente seus passos, seus contratos, seus acessos, seus contatos. Sendo assim, mais uma engrenagem dentre tantas outras que compõem o gigantesco maquinário sistemático que, de uma forma ou de outa, nos conduz.

Eu, acompanhando as grandes manchetes dos midiáticos e pirotécnicos noticiários, ouço os pseudos-especialistas, pseudos-economistas, pseudos-cientistas políticos, os pseudos- jornalistas, frutos de uma monopolizada rede de comunicação. Mesmo com todos os termos técnicos, oratórias sofisticadas, termos vernaculares, enfim... em meio a todos os obséquios e  data vênias que são massivamente usados para ludibriar uma grande massa de “ignorantes,” analfabetos funcionais. E ninguém, se quer, se pergunta: Mais e aí... o que vamos fazer dessa Colônia recente, prematura? Qual seria o projeto de construção de um Ambiente Sustentável, menos desigual, mais distributivo e mais humano? Como seria o pensamento progressivo para uma conexão do indivíduo para com ele mesmo e para com  o meio ao qual está inserido?
Diante de tamanha incongruência popular surgem diversos questionamentos no sentido de que: o que fazer nos 80 anos de média de vida que “achamos” que temos (e temos). “Achamos,” porque ao fim e ao cabo, não detemos ou melhor... detemos o poder individual da vida mas... não somos capazes de assumir o controle do programado ser que nos tornamos. Mesmo envolto aos nossos achismos, casuísmos, altruísmos e outros diversos ísmos que queiram adicionar... ainda assim, não serão capazes de dar conta de um ambiente  colonizado, capitaneado, explorado, escravizado, catequizado, miscigenado, oligopolizado, patriarcado, mal educado, mal saneado, inseguro, polarizado e essencialmente corrupto. É preciso um diálogo aberto, amplo e que tenha como base fundamental as estruturas e os processos que contribuíram para formar esse lugar aparentemente confuso que tornou-se o nosso habitat da pseudo-contenporaneidade.  

Se tivéssemos o pequeno cuidado de verificar os caminhos que nos conduziram até aqui, iríamos perceber que, o que vemos hoje e chamamos de novos acontecimentos, na verdade, não passam de práticas seculares, hierarquizadas e extremamente estruturadas, de um sistema que foi criado para o total favorecimento de quem os controlam. Essas práticas, juntamente com a ideia de superioridade, povoam os continentes e implantam o seu monocrático e autoritário modo de ver o mundo aos que não colocam a “suposta civilidade” acima da natural humanização dos indivíduos. Os processos históricos são fundamentais para pautar qualquer debate sobre a condição do homem no seu complexo e fugaz ciclo evolutivo... Até porque, não se pode interpretar as leis que nos rege sem ao menos conhecer o que levou a criação das mesmas e quem as criou... os legisladores não podem ser considerados Moiséis.

Lamentavelmente, enquanto não nos reconhecermos “animais evoluídos,” iremos sempre incorrer no erro de elaborar leis para indivíduos que não existem, a não ser, na ideia arrogante e fantasiosa elaborada por essa raça “superior, civilizada, letrada, branca e cristã.” Desde já, reconheço o tamanho da dificuldade de nos darmos conta desse mundo real, pois, os objetos coloridos e cheios de efeitos especiais, sem falar nos pixels luminosos, na exacerbada quantidade de tempo gasto para a aquisição do capital, não nos deixam se quer, um misero segundo para auto-reflexão, para cuidarmos de nós para nós mesmos. Tenho consciência de que será preciso um longo processo de maturação das ações humanas, e que só depois de passar por catastróficos acontecimentos e de criarmos os meios para nossa própria extinção, talvez... quem sabe... possamos vislumbrar ao longe, um projeto de animais humanos assumidos e conscientes da sua complexa e vulnerável condição.


Geferson P.