$ INCONSTITUINTE $
Nós,
representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembléia Nacional Constituinte
para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos
direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o
desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos de uma sociedade
fraterna, pluralista e sem preconceitos, fundada na harmonia social e
comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das
controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA
REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.
Art. 1º A República Federativa do
Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
Parágrafo
único. Todo o poder emana do povo, que o
exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta
Constituição.
- A
radicalidade do meu silêncio rompe-se bruscamente diante dos últimos "surubáticos acontecimentos envolvendo o político, o social e o econômico.
Gostaria de partir de um princípio (para mim) básico, que seria convidar essa
galera tanto da situação como da oposição, para que antes de qualquer discurso
ideológico, apaixonado e partidário reflitam, nem que seja um pouco,
superficialmente, sobre a história do país e suas seculares peculiaridades.
Lamentavelmente, diante da correria do dia à dia não nos damos conta da matrix
que conduz integralmente seus passos, seus contratos, seus acessos, seus
contatos. Sendo assim, mais uma engrenagem dentre tantas outras que compõem o
gigantesco maquinário sistemático que, de uma forma ou de outa, nos conduz.
Eu,
acompanhando as grandes manchetes dos midiáticos e pirotécnicos noticiários,
ouço os pseudos-especialistas, pseudos-economistas, pseudos-cientistas políticos,
os pseudos- jornalistas, frutos de uma monopolizada rede de comunicação. Mesmo
com todos os termos técnicos, oratórias sofisticadas, termos vernaculares,
enfim... em meio a todos os obséquios e data vênias que são massivamente usados para
ludibriar uma grande massa de “ignorantes,” analfabetos funcionais. E ninguém,
se quer, se pergunta: Mais e aí... o que vamos fazer dessa Colônia recente,
prematura? Qual seria o projeto de construção de um Ambiente Sustentável, menos
desigual, mais distributivo e mais humano? Como seria o pensamento progressivo
para uma conexão do indivíduo para com ele mesmo e para com o meio ao qual está inserido?
Diante de
tamanha incongruência popular surgem diversos questionamentos no sentido de
que: o que fazer nos 80 anos de média de vida que “achamos” que temos (e temos).
“Achamos,” porque ao fim e ao cabo, não detemos ou melhor... detemos o poder
individual da vida mas... não somos capazes de assumir o controle do programado
ser que nos tornamos. Mesmo envolto aos nossos achismos, casuísmos, altruísmos e
outros diversos ísmos que queiram adicionar... ainda assim, não serão capazes
de dar conta de um ambiente colonizado, capitaneado, explorado, escravizado, catequizado,
miscigenado, oligopolizado, patriarcado, mal educado, mal saneado, inseguro,
polarizado e essencialmente corrupto. É preciso um diálogo aberto, amplo e que
tenha como base fundamental as estruturas e os processos que contribuíram para
formar esse lugar aparentemente confuso que tornou-se o nosso habitat da
pseudo-contenporaneidade.
Se tivéssemos
o pequeno cuidado de verificar os caminhos que nos conduziram até aqui, iríamos
perceber que, o que vemos hoje e chamamos de novos acontecimentos, na verdade,
não passam de práticas seculares, hierarquizadas e extremamente estruturadas,
de um sistema que foi criado para o total favorecimento de quem os controlam.
Essas práticas, juntamente com a ideia de superioridade, povoam os continentes
e implantam o seu monocrático e autoritário modo de ver o mundo aos que não
colocam a “suposta civilidade” acima da natural humanização dos indivíduos. Os
processos históricos são fundamentais para pautar qualquer debate sobre a
condição do homem no seu complexo e fugaz ciclo evolutivo... Até porque, não se
pode interpretar as leis que nos rege sem ao menos conhecer o que levou a
criação das mesmas e quem as criou... os legisladores não podem ser
considerados Moiséis.
Lamentavelmente,
enquanto não nos reconhecermos “animais evoluídos,” iremos sempre incorrer no
erro de elaborar leis para indivíduos que não existem, a não ser, na ideia arrogante
e fantasiosa elaborada por essa raça “superior, civilizada, letrada, branca e
cristã.” Desde já, reconheço o tamanho da dificuldade de nos darmos conta desse
mundo real, pois, os objetos coloridos e cheios de efeitos especiais, sem falar
nos pixels luminosos, na exacerbada quantidade de tempo gasto para a aquisição
do capital, não nos deixam se quer, um misero segundo para auto-reflexão, para
cuidarmos de nós para nós mesmos. Tenho consciência de que será preciso um
longo processo de maturação das ações humanas, e que só depois de passar por catastróficos
acontecimentos e de criarmos os meios para nossa própria extinção, talvez...
quem sabe... possamos vislumbrar ao longe, um projeto de animais humanos assumidos e conscientes da sua complexa e vulnerável condição.
Geferson P.