quarta-feira, 22 de março de 2017

SANTA IGNORÂNCIA


Desde a infância nutri-me das letras, e, por haver persuadido de que por meio delas se podia adquirir um conhecimento claro e seguro de tudo o que é útil à vida, sentia um imenso desejo de aprendê-las.

Mas, logo que terminei todos esses anos de estudos (ao cabo dos quais se costuma ser recebido na classe dos doutos), mudei inteiramente de opinião.

Achava-me com tantas dúvidas e indecisões, que me parecia não ter obtido outro proveito, ao procurar instruir-me, senão o de ter revelado cada vez mais a minha ignorância.

Fiquei convencido de que somente é possível conhecer com a devida profundidade um arco muito limitado de saberes 

(Descartes; 1978, p. 213).

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