sábado, 4 de abril de 2015
"PERDIDO EM PENSAMENTOS"
(Dia 05/04/2015... Noite; exatamente às 01:54. O silêncio se inicia assim como a negra madrugada. Uma kitnet. Duas pessoas e um animal domesticado. Uma completamente adormecida e a outra está de frente para o computador na tentativa de arrumar os pensamentos para expressa-los em palavras... escritas. O único barulho que o incomoda é o do ventilador de teto acima da sua cabeça. Por um instante permanece imóvel, perdido em pensamentos e com os olhos fixados para a tela do aparelho eletrônico, esperando o que aparecerá na caixa de texto que abrira).
- Oi!
- Oi!
- Tudo bem?
- Tudo.
- Tudo bem mesmo?
- Mesmo.
- Por que está em silêncio?
- Não estou em silêncio.
- Está sim! Não escuto a sua voz já faz um tempo.
- Não estou em silêncio! Você que não consegue me ouvir.
- (ri)... Mas é claro que não consigo lhe ouvir... você nada fala.
- É uma pena. O silêncio para mim é ensurdecedor.
- (Riso discreto)... Já sei. Você gosta dessas coisas de paradoxo metáforas... esse tipo de coisa, não é?
- (secamente)... Não.
- Sinceramente, eu não entendo onde quer chegar.
- A lugar algum.
- Então, tudo bem! Acho que já entendi. Você não que ser incomodado, vou deixa-lo em silêncio.
- Eu não estou em silêncio!
- Então tá legal. Eu não vou falar mais nada...tudo bem?
- Pode ser. Duas pessoas não podem falar ao mesmo tempo. Até podem, só não vão entenderem-se .
- Mais só eu estou falando aqui.
- Isso é você quem pensa.
- Como assim?
- Porque só podemos falar para e com os outros? Porque não pode-se falar consigo mesmo?
- Porque não podemos perguntar e responder a nós mesmos... se não já saberíamos as respostas.
- Não se trata de perguntas nem respostas. Trata-se apenas de você.
- Desculpa, mas eu tô meio confuso. Eu vou embora... eu estou atrapalhando você.
- Ninguém pode atrapalhar-me, nem confundir-me. Eu sempre estive, estou e sempre estarei aqui.
- (Ligeiramente amedrontado)... Você está me assustando. Está falando como se tivesse outra pessoa dentro de você.
- Bobagem! Não crie caraminholas na sua cabeça. Não tem ninguém aqui. (ri).
- (Ligeiramente assustado)... Você tem ido a igreja?
- Não! Já faz algum tempo que não a frequento. Mas, o que tem a igreja?
- (Confuso)... Nada! nada não. Só foi uma simples pergunta.
- Está tudo bem contigo?
- Está sim... tudo bem. Eu acho.
- Estou achando você um pouco assutado.
- (Tentando disfarçar a face amedrontada)... Imagina. Não estou assustado. Como poderia assustar-me com você?
- Não sei!
- Tudo bem. Eu já vou. Quando quiser conversar é só me avisar, tá legal?
- Mas, não estamos conversando?
- Sim, sim, estamos.
- Então?
- É que, sei lá! Eu não sei como dizer isso mas, talvez você esteja precisando de ajuda.
- Ajuda? Que tipo de ajuda?
- Alguma ajuda, não sei. Talvez alguém mais experiente para conversar, contar o que está acontecendo.
- E o que está acontecendo?
- (gaguejando)... É...é... deixa pra lá. Eu não sei como explicar, acho que expressei-me mal.
- Você quer dizer que eu preciso procurar um profissional da psique? Um psicanalista, psicólogo... é isso?
- (Um pouco confuso)... É... é... talvez... quem sabe. Não significa que está com problema. É só uma conversa mesmo. Perguntar se é normal conversarmos com nós mesmos, se o silêncio pode ser ensurdecedor, sei lá.
- Mas eu não tenho nenhuma dúvida disso. Você deve está achando que sou esquizofrênico, que tenho algum tipo de problema mental não é?
- (desconsertado)... Não! Não é isso... não foi isso que eu quis dizer.
- Será que não?
- Não, não foi isso. Quando eu era mais novo a minha mãe me levou no consultório de um psicanalista amigo dela. E não teve nada demais, ele me fez um monte de perguntas, me pediu para fechar os olhos e pensar um monte de coisas. Foi legal. Frequentei por um bom tempo. O nome dele era Dr. Freud.
- Obrigado pela preocupação e indicação mas, não preciso de analistas psicológicos.
- Tudo bem. Falo isso porque as vezes nós pensamos que está tudo bem com a gente mas na verdade não está.
- Você está insinuando que eu não estou bem?
- Não é isso. Quero dizer que as vezes é bom a gente saber das verdades escondidas em nós.
- E por que precisamos das outras pessoas para descobrir as nossas verdades?
- Na verdade eles nos ajudam a descobrirmos quem nós somos.
- É! Você descobriu?
- Sim!
- E quem é você?
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