Tudo tão vazio! Tudo tão vazio, mesmo com as multidões que pulsão esse sangue social.
O mundo vazio, as cidades vazias, as ruas vazias mesmo cheias de pessoas... transeuntes vazios.
Tudo tão vivo e sem vida. Olhares dispersos, movimentos sem gestos, sorrisos sem graças, palavras sem sentido. Os ônibus lotados e cheios de lugares. Por onde andar? O que fazer? Como prosperar?
Acendo um bastão incendiário e vejo a vida passar. Olhar em volta e não ver, tocar e não sentir, chorar sem lacrimejar. Enquanto os caminhos se cruzam as pessoas se afastam, e não se olham, e não se veem, e não se tocam... não trocam. Por onde andar? O que fazer? Como prosperar?
Nesse universo sem fim, nesse profundo mar, nesse desgovernado barco a velejar... estamos aqui.
A minh'alma suplica por estar, viva, será? Os mortos já não ressuscitam mais. No que se transformaram as cidades? O que fizeram com os meios naturais? O que fizeram de nós... já não somos mais. Por onde andar? O que fazer? Como prosperar?
Dá calafrio só de pensar, convoque seu buda para rezar, mãe menininha, são jorge, oxalá. É, pra quem tem fé a vida nunca tem fim. No dom de ser já não são. No existir já não existem mais. O que será de nós nesse mundo em putrefação? O sopro da vida passou, da carcaça o esqueleto ficou, do pó que o criou nada mais restou. Onde querem chegar esses ambulantes sem mercadoria? Não são mais aqueles que outrora pensou que fossem um dia... e o que restou? Só tristeza e melancolia. Por onde andar? O que fazer? Como prosperar?
A racionalidade passou a ser improvável. Os mecanismos de defesa deixou de ser artificial, passou a ter um sentido bélico, a aniquilação do animal. Desprovidos de naturalidade, sentem-se no direito de acreditar no futuro onde horizonte já não pode ser mais alcançado, os homens é que estão no comando... tornou-se o centro de tudo. Por onde andar? Oque fazer? Como prosperar.
Estão dizendo que o tempo anda de pressa, afirmam que os relógios aceleraram no seu contar, especulam que os dias já não duram mais, mas não se importam... pois acreditam que um dia vão voltar. O efémero nunca teve tanta relevância, a futilidade nunca esteve em tantos lugares, a realidade em nenhum momento foi tão subestimada, as pessoas involuntariamente estão deixando de se encontrar. Por onde andar? O que fazer? Como prosperar?
Os discursos já não convencem mais, ainda que sejam convincentes. Os esteriótipos inverteram os fenótipos dando lugar a vários arquétipos, onde adotaram um único padrão... o padrão estético.
Já não se fala mais em bons princípios, mesmo que os sem princípio não sejam os principais. Já que o mundo tornou-se global e a experiência uma ideia abstrata demais. Por onde andar? O que fazer? Como prosperar? Num passado remoto perdi o meu controle, num presente frenético estou descontrolado e num futuro bem breve, talvez eles me controlem. Será que podemos resistir?
Geferson P.
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